Fruta no Futa
Pois aqui vai o primeiro capítulo da Missão Chile, tb conhecida como Kayak no Fim do Mundo. Para mim está feita a trilogia… só me falta molhar o cu lá para os lados da Austrália ou Nova Zelândia para ter remado em todos os Continentes…
E o que é que eu posso fazer? Talvez… talvez…
Mas vamos lá ao que interessa: O Futaleufu.
Um dos rios de águas bravas mais famosos do Mundo. Isto era o que tinha lido em muitos sites gringos sobre o bicho… 70 km de rápidos, as melhores ondas do planeta, blá blá blá…
Restava ir lá abaixo à Patagónia e montar o bicho para lhe sentir o Power. E fosgasse que não fica nada atrás da fama que tem!!!
Lá para as 11 da noite cheguei eu, o Necas e o Brincos de boleia ao Camping Cara del Índio depois de mais uma história hardcore, vindos da famosa Carretera Austral. Dormir e tal e no dia seguinte tentar arranjar umas montadas de plástico e combinar a descida de um percurso no Futa. O que ficou na calha foi o “Puente a Puente”, o clássico naquelas bandas, Cl V-.
Do Camping mira-se um bocado do rio e já dava para perceber que o animal ia com força por aí abaixo. Grande. Muito grande…
Eu e o Necas fomos dar uma volta entre as roscas que havia e escolher o que melhor nos servia: um Ace 5.1 para mim e um Big EZ para o Necas. Oh yeah já temos veículos, só falta o outro para nos transportar para o rio…
Business e mais business lá conseguimos ir com uma descida de Raft, à última e à pressa como de costume, a correr para atirar os kayaks e a nós para cima do atrelado e ózabre que lá vamos para o fuck’n’Futa.
Entramos numa parte flat deslizante, um pouco acima de uma ponte suspensa. O bacano que nos vai mostrar as linhas (porque descer o Futa a dois pela primeira vez é uma missão muito muito zuca truca. O rio é tão largo e os rápidos tão compridos que reconhecer pela margem era tarefa para um dia… e mesmo assim não se veria tudo) diz-nos que logo a seguir à ponte vem o primeiro rápido -Entrance - Cl IV+ - para abrir a pestana.
Ondaças e buracos XL com uma linha serpenteante entre eles dá logo para perceber o tipo de rio em que estamos montados, e descobrir porque é top entre o top ten…
Eu e o Necas olhamos um para o outro e sorrimos!
- Isto vai ser bonito vai…
Respira e zaca para Magic Carpet (IV-), linha relativamente directa, um pouco à direita para evitar um gigantesco Ojo (como se chama aos buracos por ali) que está um pouco à esquerda. Um pouco mais à direita fica Pistola, uma onda quase perfeita se não fosse o buraco que está à espera logo abaixo para quem não esquimota depressa…As ondas são ainda maiores que no primeiro rápido, formando-se e rebentando a todo o momento e vindas de todas as direcções…
Rema rema para parar numa contra à direita antes de entrar no próximo rápido.
Aí está Pillow (IV+). Da contra apenas se vê uma enorme rocha na linha do horizonte, com um spray que nos deixa a imaginar o tamanho do buraco que deve haver… a linha é passar mesmo rente a ela à esquerda.
Aí vamos nós enfiados numa massa de água, com ondas por todos os lados, a tentar ver alguma coisa e situar-nos em relação à pedra, remar forte para a esquerda para cruzar a corrente que nos empurra mesmo para a pedra e oriops… um pequeno voo e aterramos na espuma que serve de contra, já longe da influência de Pillow...
Siga a Marinha. Segue-se Play wave (III), um ondaço onde mando uma surfadela de luxo, Toro (IV), Cara de Indio (IV) com mais ondaços e um Ojo XXXL mesmo a meio do rio, que encadeamos com a passagem mais hard deste percurso médio do Futa: Mondaca (V-).
Ah pois, para passar esta onda quebra coco tínhamos que conseguir furar umas ondas laterais que vinham da esquerda… num trem de ondas antes viro-me e esquimoto, a tempo de ver o casco do Necas para cima… isto está a correr bem penso eu… vejo o nosso guia a cruzar à esquerda e a passar a onda, remo forte para a passar tb, mas a onda disse-me: népias que Mondaca nunca papou nenhum Portuga. E lá me vejo eu no meio do rio mesmo centrado com Mondaca… cum f… vejo uma parede de água gigante à minha frente, lembro-me que o guia me tinha dito que era forte mas não agarrava e olha, dou 2 ou 3 pagaiadas com força e encolho-me para levar com um estoiro na pinha que me faz fazer 50 metros de underwater Freestyle… esquimoto e respiro… en el ojo de Mondaca…
Mas espera que a festa ainda não acabou… paragem numa contra para ver o Raft (e o Cataraft de segurança) passarem e siga para Ojo Negro (III), Puma (III), Last Wave is a Rock (IV), Casuela (IV) e Tiburon (IV). Este último um trem de ondas ladeado de buracos que vai ter directamente a uma longa parede vertical toda “undercut” e ainda com vários dentes de bónus!!! Nadar ali…
E cai pimba, missão - Primeiros Portugas a Remar no Futa - cumprida. Regresso ao Camping, jantar, bubdera, mil cigarros enrolados, convívio Internacional, lua cheia, dormir mal e pouco e ala para o norte porque ainda estão à nossa espera os rios Petrohue e o Palguin… cenas dos próximos capítulos…
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